quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

just do it!

Muitas vezes eu teimo em crer que a razão é capaz de controlar tudo o que sinto, como se qualquer pensamento ou sentimento tivesse que passar por uma censura e ser decifrado por inteiro, e então penso que se, de repente, a explicação me faltar pode fazer falta o que me sustenta. Aí vem o cheiro do perfume e antes da censura bater me faz sentir de novo o cheiro da viagem de um ano atrás.  Aí vem aquela música que me deixa excitado e antes de qualquer filtro me faz dançar na pista de cinco anos atrás. Aí vem o vento que traz o dia e, leve, leva-me até onde a razão não pode chegar. Livre. Sentindo, vivendo.

Já dizia o sábio músico e compositor Beto Cupertino, vocalista do Violins, uma das minhas bandas preferidas : "Então é isso que é covarde. Se esconder da vida por achar que a paz enfim lhe atingiu". Viver, e não apenas ser vivido, não é fácil. Tantas vezes sem perceber a vida passa e eu perco o passo por puro medo de arriscar. Como se o seguro e morno fosse bom o suficiente. Como se levar na cara não me fizesse crescer muito mais do que ficar parado. Aí vem o passeio de rafting e o extremo prazer de viver o perigo, de arriscar e de sentir adrenalina em vez de conflitos existenciais. Aí vem o caiaque em alto mar me abrindo um leque de opções pra enfrentar a fúria. O vento aponta, mas não leva. Eu remo, eu que levo a vida. Aí vem o Insano e o frio na barriga trazendo consigo uma aliviada e gostosa sensação de liberdade e a certeza de que o verdadeiro perigo está na cabeça de quem tem medo de viver.



Outro dia eu tive vergonha de mostrar minha mania e levei outro tapa na cara pra perceber que, de certa forma, ainda não me desvinculei do padrão robótico e vazio de valores imposto pela sociedade contemporânea. Como posso ter chegado ao ponto de ter vergonha de mostrar uma das coisas que me diferencia dos outros, daquilo que faz parte do que torna único, por puro medo do que os outros vão pensar ou comentar, pra não ser alvo de risadas debochadas, pra não  se expor ao ridículo segundo os padrões ditados pela sociedade.

É preciso coragem pra não se deixar levar pelo caminho covarde e sem sal de viver como manda o script do  ordinário: pensando, agindo e se vestindo igual aos outros. Valeria a pena não se arriscar em troca de um mínimo de segurança e (des)conforto?

Enquanto eu levava o tapa na cara, eu lembrava da cena do filme Hora de Voltar (Garden State) em que Sam (Natalie Portman) convence Largeman (Zach Braff) a fazer algo que ninguém jamais fez antes para se sentir um pouco mais original. E de repente aquela cena fez todo o sentido do mundo pra mim. E se antes eu já gostava muito desse filme, agora ainda mais. E se antes eu já era encantado pela Sam, agora eu me apaixonei, mas isso é assunto pra um outro post.



Outro dia eu comprei uma camisa da Nike com a seguinte fras escrita em letras garrafais: Just do it! 
Mas eu precisei levar na cara pra perceber que eu preciso agir mais e pensar menos.
Um dia eu aprendo...
 

Música do dia:

Yuji Oniki - Transport

 

"Half of you can only speak. The other half will come as you sleep
When you were only one in the arms of someone you would lose
It'll be a while for now. There's so much left to choose"

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Encanto com a nova

Não é de hoje que ela me encanta e só de olhar acalma meu pranto.
Não é de hoje que a vejo brilhar desfilando pra mim sem se enfeitar.
Não é de hoje que ela me surpreende com charme de quem sabe conquistar.


E não espera nem desespera. Se o amor não vem, ela supera.
E quando vem,ela se entrega. Forte e bela. Só mesmo ela.

Que não se apaga no escuro. Vai além do meu escudo.

Eu fico mudo e ela me entende. Sente.
Eu fico preso e ela me solta. Volta.

Não desaponta, não se afasta. Sem farsa.

Não é de hoje que ela me fascina quando cheia de si se aproxima.
Mas foi só hoje que eu me dei conta que mesmo nova ela me encanta.

Cheia de esperança, superando o vazio e se enchendo de luz.
Sem pressa. Sorrindo e discreta.

E antes do galo treinar o canto. E da cortina tampar meu encanto.
Sorri pra ela mais uma vez só pra saber que é hora do descanso.

Então a lua dormiu. E eu também.







"They will see us waving from such great heights
Come down now, they'll say
But everything looks perfect from far away
Come down now but we'll stay"

(The Postal Service - Such Great Heights)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Prelúdio


Porque eu cansei de esperar o tal dia chegar
Pra levantar a poeira e descobrir o que sinto
Porque pensar sem sentir sentido não faz
E se ainda sinto que sinto a hora é de agir
Porque se não ajo não descubro o sentido
De sorrir por inteiro sem esperar o que não veio
De chorar por inteiro e não desistir bem no meio

Porque minha censura ainda perde pras palavras
E minhas palavras deram as costas pra inércia
Porque eu quero a ânsia de mais me conhecer
De explorar o meu jeito assim cheio de defeitos
Porque o meu tempo também é pra refletir
Pra aprender a compartilhar sem nada esperar
Eu quis voltar a escrever e mais ainda viver.


Porque hoje eu quase fui jogado pela janela
Que sequer existe na sala da Analista
Ou simplesmente porque hoje eu quis e fiz
(just do it!)
Eu enfim me lhes apresento o meu blog

Sejam bem-vindos e sintam-se à vontade
Pra compartilhar devaneios e notas
E o  que mais eu observar.



Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais"
(O Teatro Mágico - Sonho de uma flauta)